1 de junho de 2016

Carta para Ana (versões de mim mesmo)


Ana,
Me perdoe por todas ás vezes, que não soube o quê dizer.
Me perdoe, a falta de jeito, a falta de gesto. Me perdoe pelas dúvidas intermináveis, e incertezas perturbadoras. Me perdoe. Perdoe-me, por não saber ser nós. Perdoe-me pelas vezes, que mergulhei e me perdi em meu eu profundo. E assim, te deixar incompleta.
Ana, você é como luz, como no fim de um túnel,  de um caminho que percorro em busca do que sou. E sou o quê sou, por quê você me faz ser. Em versões de mim mesmo, moldado ao teu nome, sendo escravo dos teus desejos, confidente dos teus segredos, responsável pelos teus acertos e deslizes. Carrego seus pesos, que são tão meus. Levo-te comigo.
Ana, me perdoe. Mas eu não sei deixar de transbordar.
 Mesmo que eu te leve comigo, eu sempre serei Mar.

Ps. As ondas que vejo são como fios do teu cabelo ruivo, que ondulados, me arrastam á margem da praia. Como um grão de areia no universo do meu ser. Não basta-me existir, eu agora vivo.

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