3 de outubro de 2014

Gente grande


Eu tenho saudade de quando eu era criança, e corria pro quarto dos meus pais com meu colchão, quando trovejava. Meu medo de trovão, ainda permanece. Eu tenho saudade, de quando eu tinha medo e gritava: ''Mamãe!!! Eu tô com medo.'' E ela vinha e me acalmava. Mas mesmo assim, hoje em dia, ainda durmo de cabeça coberta. Eu tenho saudades de quando eu falava para minha mãe: Mamãe se ficar quietinho você vem agradar?. Era assim, ficávamos quietinhos e ela dava beijinho. Tenho saudades das quinta-feiras que ela estava passando alguma roupas, e eu e meus irmãos ficávamos esperando ela terminar só pra ela colocar nosso leite no copo. São três copos, desde pequenininhos nós temos: o meu é roxo e o do meu irmão também. O da minha irmã é laranja.
Lembro que nós três dizíamos: Mamãe faz leite? E ela fazia. Colocava nossa comida no prato, e lavava meu cabelo e o da minha irmã. Eu tenho saudade, de cantar na escola nos dias dos pais e mães, e dar presentinhos que nós mesmos fazíamos. Tenho saudade de brincar de Barbie o dia inteiro, de fazer vasinhos de argila e bonequinhos de gesso pra colocar na geladeira. Tenho saudades, dos dias que dormia na casa da minha avó. Do chá gostoso que ela fazia. E da maionese de domingo. Tenho saudade da gargalhada que ela dava quando assistia Zorra Total. E tenho saudade da gargalhada que meu avô dava quando assistia A praça é nossa. Tenho saudades de quando eu brincava de mercado, e de banco. Tenho saudades de brincar de escolinha. Tenho saudades do meu cachorro Bibo, que eu fazia de aluninho. Tenho saudades de cantar no quintal...
Só que agora, eu sou gente grande. Daqui menos de seis meses eu tenho 18. Nossa!
Mas mesmo assim não abandonei minha mania de dormir de cabeça coberta, de ter medo de trovão, de chamar de Mamãe e Papai... E ainda hoje, tenho meu primeiro urso e meu primeiro boneco na minha cama. Nós não devemos deixar que morra a criança que está em nós.

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